Pisada e Palmilha
Palmilhas personalizadas X comuns: entenda diferenças
As palmilhas estão presentes no dia a dia de muitas pessoas, seja para dar mais conforto ou como parte de um tratamento. Mas você sabia que existe uma grande diferença entre os modelos comuns e os ortopédicos? Em alguns casos, a escolha certa pode até evitar dores e prevenir problemas futuros.
Basicamente, as palmilhas comuns oferecem conforto e amortecimento, enquanto as ortopédicas são recursos terapêuticos desenvolvidos após avaliação médica. “Além de darem suporte, elas corrigem ou compensam alterações na pisada, redistribuem a pressão do pé e reduzem a sobrecarga em articulações como tornozelo, joelho e quadril”, explica Adriano Machado, ortopedista especialista em pé e tornozelo.
O ortopedista Maurício Leite, membro da Sociedade Americana de Cirurgiões Ortopedistas (AAOS), reforça que as palmilhas ortopédicas são indicadas quando há dor frequente ou desequilíbrios na pisada. “Casos de pé chato, pé cavo, fascite plantar, esporão de calcâneo, neuroma de Morton e metatarsalgias são algumas das situações em que elas são fundamentais”, cita.
Quando a personalização faz diferença
De acordo com Adriano Machado, o processo começa com uma avaliação clínica completa, que inclui exame físico, análise da pisada e, em alguns casos, exames de imagem. Em seguida, é feita a prescrição da palmilha sob medida.
“Cada pé tem características próprias de formato e alinhamento. Uma palmilha genérica pode até trazer conforto momentâneo, mas também pode acentuar desequilíbrios e causar dor onde antes não havia”, alerta.
Maurício Leite, por sua vez, complementa que a personalização leva em conta fatores como peso, profissão, tipo de pisada e eventuais doenças do paciente. “Assim como os óculos corrigem a visão, a palmilha personalizada corrige a pisada, prevenindo problemas musculoesqueléticos e desgaste precoce nas articulações”, compara.
Palmilhas tratam e previnem problemas
As palmilhas ortopédicas têm ampla aplicação no tratamento e prevenção de diferentes condições. Conforme os médicos, algumas das principais indicações são:
Pé plano (chato) ou pé cavo (arco plantar alto);
Fascite plantar (inflamação) e esporão de calcâneo (crescimento ósseo);
Metatarsalgia (dor na parte frontal do pé);
Neuroma de Morton (espessamento do tecido ao redor do nervo);
Tendinites (inflamação do tendão) por sobrecarga;
Desalinhamentos do retropé, como calcâneo valgo ou varo;
Desgaste articular em joelhos, quadris e coluna;
Prevenção de úlceras plantares em pacientes diabéticos.
Após o diagnóstico correto, os acessórios podem ajudar a aliviar a dor, corrigir desvios e até evitar a necessidade de cirurgias no futuro, por exemplo.
Qualidade de vida a longo prazo
Adriano reforça que pacientes que começam o tratamento precocemente podem ter benefícios duradouros. “Em alguns casos, o uso correto e personalizado pode dispensar abordagens cirúrgicas, com ótima qualidade de vida e capacidade de praticar atividades físicas sem queixa.”
Nesse sentido, Maurício acrescenta que grupos como atletas, pessoas com sobrepeso, idosos e profissionais que passam muitas horas em pé são os que mais se beneficiam. Entenda o porquê:
Atletas: reduzem o risco de lesões por impacto e melhoram a performance;
Pessoas com sobrepeso: diminuem a pressão sobre pés, tornozelos e joelhos;
Idosos: aumentam equilíbrio e estabilidade na marcha;
Profissionais que ficam muito em pé: minizam o desconforto em longas jornadas.
Lembre-se que, mesmo havendo indicação geral para esse público, apenas um médico pode confirmar se o uso é mesmo necessário e prescrever a melhor opção.
Investimento em saúde preventiva
Para os especialistas, a palmilha personalizada deve ser vista como um investimento em saúde. “Quanto antes identificarmos e corrigirmos alterações na pisada, maiores as chances de evitar problemas no futuro, mantendo a mobilidade e qualidade de vida”, afirma Adriano.
Maurício lembra ainda que o uso das palmilhas deve ser acompanhado de revisões periódicas. Isso porque o corpo muda com o tempo e o material da palmilha também se desgasta. “É essencial ajustar sempre que necessário para manter a eficácia do tratamento”, finaliza.