Inchaço e Edema
Como evitar pés e pernas inchadas durante viagens longas
Ficar horas sentado durante uma viagem pode ser um desafio para a saúde dos pés e das pernas. Aviões, ônibus e carros, especialmente em trajetos longos, favorecem o inchaço devido à falta de movimento – e, no caso das aeronaves, à pressão mais baixa dentro da cabine. O resultado é desconforto e, algumas vezes, sinais de alerta que merecem atenção médica imediata.
Segundo a cirurgiã vascular Camila Kill, à frente da clínica Vascularte, o problema acontece porque a musculatura da panturrilha – conhecida como “coração periférico” – deixa de se movimentar, o que dificulta o retorno do sangue para o coração. Essa condição favorece o acúmulo de líquidos, que se manifesta como inchaço visível nos pés e tornozelos.
“O avião intensifica esse efeito pela pressão da cabine, que favorece a retenção de líquidos. Na maioria das vezes, o inchaço é passageiro, mas, em alguns casos, pode indicar ou até contribuir para problemas graves, como a trombose venosa profunda (TVP)”, explica a médica.
Pessoas que têm mais riscos
Alguns grupos são naturalmente mais suscetíveis a esse problema e devem ter cuidado redobrado durante viagens longas. Conheça os principais:
Pessoas acima dos 40 anos;
Quem tem histórico de varizes ou trombose;
Gestantes;
Usuários de anticoncepcionais ou que fazem reposição hormonal;
Pessoas com sobrepeso ou obesidade;
Sedentários;
Passageiros de voos ou viagens de ônibus com duração superior a 4 horas.
Além do desconforto, essas pessoas também têm maiores chances de complicações, como formação de coágulos ou agravamento de doenças pré-existentes.
Como prevenir durante o trajeto
A boa notícia é que pequenas mudanças de hábito ajudam a evitar o desconforto e reduzem os riscos. A cirurgiã vascular Camila Kill recomenda algumas medidas:
Caminhar pelo corredor a cada 1 ou 2 horas, sempre que possível;
Flexionar e esticar os pés, fazer círculos com os tornozelos, levantar e abaixar os calcanhares, mesmo sentado;
Beber bastante água e evitar o excesso de café ou bebidas alcoólicas;
Usar roupas confortáveis e folgadas para não dificultar a circulação;
Ao chegar no destino, descansar com as pernas elevadas para drenar o excesso de líquido.
Embora simples, esses cuidados agem diretamente na diminuição de possíveis sintomas e na prevenção de complicações.
Quando usar meias de compressão
As meias de compressão são aliadas importantes para quem tem histórico de varizes, trombose ou insuficiência venosa, além de gestantes e passageiros que enfrentam voos muito longos. “Elas estimulam a circulação e reduzem significativamente o risco de coágulos e inchaços”, destaca a especialista.
A cirurgião vascular complementa lembrando que o ideal é que a escolha seja feita com orientação médica. Isso porque o profissional poderá indicar o grau de compressão adequado para cada caso, garantindo que o acessório ofereça segurança e eficácia. Usar um modelo inadequado pode trazer desconforto ou até mesmo piorar o problema.
Sinais de alerta após a viagem
Geralmente, o inchaço melhora em poucas horas, mas existem sinais que indicam a necessidade de avaliação médica:
Inchaço em apenas uma perna;
Dor intensa, calor, vermelhidão ou endurecimento da região;
Persistência por mais de 48 horas após a viagem;
Falta de ar, dor no peito ou palpitações.
Esses sintomas podem levantar suspeitas de trombose ou até embolia pulmonar, condições graves que exigem atendimento imediato, e não devem ser ignorados.
Atenção também às viagens do dia a dia
O problema não se restringe a viagens longas. Quem passa muitas horas sentado, como motoristas de aplicativo, também corre o risco de enfrentar inchaço e dor. É o caso de Igor Pinheiro, de 29 anos, que dirige em São Paulo. “Certa vez meu pé inchou muito, fiquei assustado. Depois disso, comecei a parar mais, esticar as pernas e beber bastante água durante o trabalho”, diz.
O paulistano também convive com pressão alta, o que aumenta a necessidade de atenção. “Hoje eu já tenho esse hábito de me movimentar um pouco, sempre que posso. Cuido para não ter inchaço e controlar a pressão”, afirma.
Nesse sentido, a cirurgiã vascular reforça que manter hábitos saudáveis faz diferença não só durante viagens, mas na saúde a longo prazo. Praticar exercícios físicos regularmente, controlar o peso, manter uma boa alimentação e consultar um médico para avaliações periódicas são atitudes essenciais para garantir que a circulação funcione bem.