Caminhada
Esportes de verão têm riscos. Saiba o que deve evitar
Sol, calor e disposição são o cenário perfeito para colocar o corpo em movimento. No verão, esportes como corrida, caminhada na praia e trilhas ganham ainda mais adeptos, mas também exigem atenção redobrada com o corpo. Isso porque alguns fatores podem transformar o momento de lazer em risco de lesões e desconfortos.
Por incrível que pareça, o aumento rápido da carga em treinos é uma das principais causas de lesões nessa época do ano. “Durante o verão, é comum que as pessoas retomem ou intensifiquem a prática de exercícios ao ar livre. Isso, quando feito sem preparo, favorece tendinites, entorses e dores musculares”, aponta o ortopedista Lindbergh Barbosa, especialista em tratamentos de lesões esportivas.
A fisioterapeuta Adriana Melo, coordenadora do Hospital Badim (RJ), acrescenta que os terrenos típicos do verão exigem muito mais da musculatura estabilizadora dos pés e pernas. “Areia, trilha e terrenos irregulares sobrecarregam panturrilhas, tornozelos e coxas. Entre os problemas mais comuns estão fascite plantar, tendinite do tendão de Aquiles e distensões”, explica.
Principais riscos e como fugir deles
O excesso de entusiasmo pode custar caro para o corpo. Entre os fatores que mais favorecem lesões estão o aumento abrupto da intensidade, o treino sob sol forte e a falta de hidratação. Para manter o equilíbrio entre prazer e segurança, as dicas são:
Progredir com calma: aumente gradualmente o volume e a intensidade dos treinos;
Respeitar limites: o corpo precisa de adaptação, principalmente após períodos de inatividade;
Hidratar-se sempre: antes, durante e depois da atividade;
Evitar os horários mais quentes: entre 10h e 16h, o risco de superaquecimento e câimbras é maior.
Usar roupas e calçados adequados: opte por tecidos leves e tênis com boa estabilidade e amortecimento.
“O planejamento é essencial. O verão é um convite natural ao movimento, mas a empolgação não pode ultrapassar os limites da fisiologia”, observa o médico.
Cuidado com o solo e o calor
Os riscos não estão só na intensidade, mas também no solo e no próprio calor. A areia e os terrenos acidentados das trilhas exigem mais esforço e atenção, por exemplo. Essa irregularidade da superfície impacta as articulações e pode levar à sobrecarga.
De acordo com a fisioterapeuta Adriana Melo, é justamente o tipo de piso que deve orientar o treino:
Areia fofa: explore com moderação e por curtos períodos, porque ela exige mais da musculatura e pode causar dor e fadiga;
Areia firme (próxima à água): é mais estável e segura para caminhadas leves;
Trilhas e terrenos irregulares: escolha calçados com boa aderência e estabilidade lateral.
“O tênis adequado faz toda a diferença, tanto na praia quanto na trilha. Ajuda a reduzir o impacto e previne torções. Caminhar descalço só é indicado para trajetos curtos e pessoas já adaptadas”, orienta a especialista.
Em relação às altas temperaturas, o ortopedista Lindbergh Barbosa adiciona: “O calor intenso e a desidratação também reduzem a concentração e a coordenação, elevando o risco de quedas e acidentes.” Ou seja, cuide-se!
Sinais de alerta do corpo
Dor muscular aguda, pontadas nas articulações, tontura e câimbras são sinais claros de sobrecarga. O corpo ainda reage à exaustão pelo calor com sintomas como enjoo, dor de cabeça e frequência cardíaca elevada.
Esses sintomas indicam que é hora de parar, procurar sombra e se hidratar. Se persistirem, é fundamental buscar avaliação médica, mesmo que seja no pronto-socorro.
Movimente-se com segurança
Para aproveitar os benefícios do exercício sem riscos, o segredo está no equilíbrio entre esforço e recuperação. Nesse sentido, os profissionais reforçam:
Faça aquecimento ativo antes do treino;
Alongue-se levemente após o exercício;
Prefira horários amenos, como início da manhã ou fim da tarde;
Use protetor solar, boné e roupas claras;
Inclua descanso ativo e fortalecimento muscular na rotina.
“Cada corpo tem um tempo de adaptação. Exercitar-se com regularidade, sob orientação adequada, é o que transforma o treino de verão em um hábito de saúde que pode durar o ano inteiro”, conclui o ortopedista.
A fisioterapeuta completa: “O ideal é começar devagar, fazer aquecimento articular, alongamentos leves e alternar os dias de treino para permitir recuperação.”